Como descrito acima, os atores escalados para
compor o cast trata-se de nomes relevantes do circuito: Sam Rockwell (Inspetor
Stoppard); Adrien Brody (Leo Köpernick); Saoirse Ronam (Stalker); Ruth Wilson
(Petula Spencer); David Oyelowo (Mervyn Cocker-Norris); Harris Dickinson
(Dickie); Shirley Henderson (Agatha Christie). O responsável pelo roteiro foi
Mark Chapell e a produção é de Damian Jones e Gina Carter.
A trama, ambientada em uma Londres dos anos
cinquenta, gira entorno de uma tentativa desesperada do diretor Leo (Adrien
Brody) transformar a famosa peça de teatro, ‘A Ratoeira’, em uma produção
cinematográfica. Porém, tudo é travado com alguns assassinatos dentro do teatro
(Ok! Acredite, isso não foi um spoiler), fazendo com que o mistério seja a
tônica do enredo. A partir daí entram em cena o inspetor Stoppard (Sam
Rockwell) e a novata policial Stalker (Saoirse Ronam), ambos foram incumbidos
de solucionar o caso. E é dentro desse suspense que o roteiro começa a ganhar vida, envolvendo todos os personagens em um jogo de segredos e charadas – convenhamos que os desdobramentos das cenas
deixam o espectador pouco intrigado.
Apesar do gênero nos apresentar o rótulo de
suspense, não espere muito. Talvez, tenha sido proposital do diretor não
colocar o enigma como a grande cereja do bolo – assim pensa este que vos escreve
–, já que as cenas não geram esse tipo de reação. Tratando dos acertos, gostei
bastante da questão de inserir uma peça teatral real dentro da ficção.
Sim, o espetáculo citado (A Ratoeira) foi escrito por Agatha Christie, tendo sua
estreia em 1952 – a mais antiga peça em cartaz. Diga-se de passagem, Agatha
(Shirley Henderson) ganha uma honrosa homenagem/menção. A personagem dela fica
encarregada de dissertar, em um curto momento, sobre a construção, truques e valor que se tem um texto teatral.
Tal sacada de Tom, usar uma representação real do
teatro junto à ficção – no caso, um egocentrista diretor de cinema – é o ponto
inicial para a discussão sobre qual dessas artes têm maior relevância? O
personagem de Adrien (Leo) é inserido como fiel defensor do cinema ao afirmar
que “uma montagem teatral só conquista o selo de validação quando a mesma ganha produção
cinematográfica”. Mas, ao mesmo tempo, o diretor escolheu como discurso de defesa,
a mais antiga peça em cartaz, o que confronta diretamente a “arrogância”
de Leo ao advogar a favor das películas de cinema. Vale destacar também, a
questão do ego entre os artistas. Praticamente todos os personagens que fazem
parte do elenco de destaque, em algum momento demonstram uma certa
excentricidade – seja ela moderada ou mais apelativa – tal observação não deixa
de ser um olhar clínico para este tipo de comportamento dos profissionais da
arte, esses que colocam a vaidade acima de tudo
Já Andrien Brody na pele do problemático Leo conseguiu imprimir
performances que sintetizam muito bem uma figura egocêntrica, arrogante e que
deixa a soberba modelar o perfil de um ser desprezível. Nada como as
características sarcásticas de Andrien para transparecer de forma impecável o
seu personagem, isso reforça muito bem os objetivos da mensagem a se passar.
'See How They Run' não deve ter boa aceitação por parte daqueles que esperavam por um dos melhores filmes do ano, uma vez que o anúncio e escalação do elenco prometesse um longa acima da média. O enredo deixa a desejar, é bastante previsível, nada surpreendente – mesmo tal escolha, talvez, sendo cuidadosamente a intenção do diretor, acredito que o mesmo tenha sido um pouco infeliz em algumas decisões. Se é para ficar com títulos desse gênero, os recém lançados ‘Knives Out’ (Rain Johnson) e ‘Death on The Nile’ (Kenneth Branagh) conseguem nos prender muito mais que esta trama de Tom George. Mas, nem tudo está perdido, tudo que posso lhe dizer é: assista sem compromisso, e assim terá agradáveis momentos, mesmo com as baixas.