Os ingleses do Muse lançaram no dia 26 de agosto o mais recente trabalho de estúdio, sob o título de ‘Will of the People’. De início, posso afirmar: desde ‘The Resistance’ (2009) que eu não escutava algo tão marcante da banda. Ok, de lá para cá, digamos que ‘Simulation Theory’ (2018) tenha algumas passagens interessantes. Mas, de fato, é neste novo trabalho que a banda nos apresenta toda intensidade que eles vêm construindo ao longo da carreira. O nono disco do trio é experimental, traz o peso do heavy metal como nunca antes e é marcado por canções de grande impacto, nos remetendo aos clássicos do rock setentista e a elementos da música pop dos anos oitenta e noventa.
A faixa título e que abre o disco, 'Will of the People' e 'Liberation', apresentam ao ouvinte influências totalmente retrô, mais precisamente do rock dos anos setenta. 'Liberation' tem um pé e meio no clássico da banda Queen, o fino ‘A Night At The Opera' (1975). 'We Are Fucking Fucked' fecha o disco em grande estilo. Ela é intensa e sintetiza bem a proposta da banda. Efeitos de guitarras que construíram as características de Metthew tocar estão bem presentes. O peso misturado com refrães do rock mais clássico ajudam a moldar uma das mais bem feitas composições por essa que é uma banda que conseguiu quebrar regras e padrões dentro de um subgênero musical.
Ao escutar na íntegra 'Will of the People' tive a mesma reação quando conheci 'OK Computer' (1997) – clássico absoluto da banda Radiohead –, por favor, que fique claro, não estou fazendo comparações musicais. Mas estamos falando de obras que mudam de clima, abusam do experimental e que te surpreenderá a cada música. Também estou afirmando que este lançamento do Muse é a melhor criação da banda? É cedo para fazer tal afirmação, porém, estamos diante de um grande trabalho concebido em 2022. Ah, não poderia encerrar minhas impressões sem deixar de citar o belo designer feito para a capa – criada pelo artista português Thiago Marinho. O cenário trazendo um clima pós-catástrofe – que, segundo a própria banda, representa a incerteza e instabilidade que o mundo vem passando – lembra muito a direção de arte do filme Blade Runner 2049 (2017), o resultado final ficou incrível.