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MUSE: Will of the People é experimental, traz elementos do heavy metal e da música setentista


Os ingleses do Muse lançaram no dia 26 de agosto o mais recente trabalho de estúdio, sob o título de ‘Will of the People’. De início, posso afirmar: desde ‘The Resistance’ (2009) que eu não escutava algo tão marcante da banda. Ok, de lá para cá, digamos que ‘Simulation Theory’ (2018) tenha algumas passagens interessantes. Mas, de fato, é neste novo trabalho que a banda nos apresenta toda intensidade que eles vêm construindo ao longo da carreira. O nono disco do trio é experimental, traz o peso do heavy metal como nunca antes e é marcado por canções de grande impacto, nos remetendo aos clássicos do rock setentista e a elementos da música pop dos anos oitenta e noventa.


Na música 'Won’t Stand Down' – quarta track do disco – podemos sentir o peso das guitarras de Metthew Bellamy (vocal e guitarra), por alguns momentos o ouvinte pode associar facilmente o som alternativo praticado pelo trio com uma dessas bandas de heavy metal contemporânea. 'Kill Or Be Killed' também é outra porrada e que nos remete a riffs mais densos e moldados a base de efeitos beirando a modernidade; para quem conhece a intro de 'Refuse/Resist' – faixa que compõe o incontestado 'Chaos A.D' (1993), da banda brasileira Sepultura, sentirá uma certa familiaridade entre ambas. Saindo do lado mais pesado do álbum, partimos para as canções que remetem a pop music, indie rock e que são recheadas de coros marcantes: 'Verona', 'Euphoria', 'You Make Me Feel It’s Halloween' são grandes exemplos. A última citada tem um clima sombrio misturado com o estilo pop praticado nos anos oitenta.

A faixa título e que abre o disco, 'Will of the People' e 'Liberation', apresentam ao ouvinte influências totalmente retrô, mais precisamente do rock dos anos setenta. 'Liberation' tem um pé e meio no clássico da banda Queen, o fino ‘A Night At The Opera' (1975). 'We Are Fucking Fucked' fecha o disco em grande estilo. Ela é intensa e sintetiza bem a proposta da banda. Efeitos de guitarras que construíram as características de Metthew tocar estão bem presentes. O peso misturado com refrães do rock mais clássico ajudam a moldar uma das mais bem feitas composições por essa que é uma banda que conseguiu quebrar regras e padrões dentro de um subgênero musical.

Ao escutar na íntegra 'Will of the People' tive a mesma reação quando conheci 'OK Computer' (1997)  clássico absoluto da banda Radiohead –, por favor, que fique claro, não estou fazendo comparações musicais. Mas estamos falando de obras que mudam de clima, abusam do experimental e que te surpreenderá a cada música. Também estou afirmando que este lançamento do Muse é a melhor criação da banda? É cedo para fazer tal afirmação, porém, estamos diante de um grande trabalho concebido em 2022. Ah, não poderia encerrar minhas impressões sem deixar de citar o belo designer feito para a capa  criada pelo artista português Thiago Marinho. O cenário trazendo um clima pós-catástrofe  que, segundo a própria banda, representa a incerteza e instabilidade que o mundo vem passando  lembra muito a direção de arte do filme Blade Runner 2049 (2017), o resultado final ficou incrível.

  

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