
O álbum autointitulado é ultra romântico em suas letras, a melodia traz um pouco de Los Hermanos - ok, inevitável não fazer tal confrontação, uma vez que estamos falando de um dos ex-líderes e vocalista do quarteto carioca. Marcelo aproveita a ocasião para expandir novos ares na condição de músico e passeia por gêneros pouco explorados em sua antiga banda, por exemplo: aqui é possível encontrar influências da tradicional surf music, mais precisamente da escola Dick Dale e Ventures. O estilo clássico da música praiana pode ser percebido no single de estreia, 'Mais Ninguém'; nela é possível pescar, também, aquele 'feeling' da atual música brasileira - algo proposto pelo supergrupo Tribalista. Confesso que pouco me agrada os trabalhos solo de Mallu Magalhães, mas, aqui ela se sai bem. Posso destacar além da citada 'Mais Ninguém', 'Muitos Chocolates' e 'Mia', são faixas que a cantora tem uma desenvoltura e variação vocal mais marcante do que ela tem feito na carreira solo. Ao ouvir os primeiros acordes de 'Faz Tempo' é impossível não lembrar do clássico 'Sweet Lord', do eterno George Harrison (The Beatles) - não é necessário ser bom de ouvido para perceber tal comparação.
No contexto geral, a voz cativante de Mallu, pequenas dosagens de Surf Music e registros da moderna MPB, tornaram-se marcas registradas do projeto. Tais ritmos sonoros, batidos em um liquidificador, resultaram em uma boa "vitamina" musical, facilmente de agradar o ouvinte. As letras têm como foco o romantismo exagerado, não se trata de um conceito, mas os escritos te levam para uma viagem de único tema, é como se fosse o desenrolar de um relacionamento entre duas pessoas. A Banda do Mar veio para suprir um pouco a ausência do Los Hermanos. Claro, não podemos deixar de citar novos elementos e a influência do baterista Fred que contribuem na formação de uma identidade para o trio.